Sunday, March 25, 2007


FAQS.
a) Vai lançar um livro?
b) Para quando?
c) É gratuito?
d) Com a publicação terminará a Wanda?
e) Publicará apenas as crónicas?

a) Re. Sim, para Maio se o sol brilhar e a boa disposição ajudar.
b) Re. Como disse, dentro de alguns meses, mas preciso de juntar o valor da impressão. Existe já um designer a colaborar connosco.
c) Re. Como não há apoios financeiros, privados ou públicos, será cobrado um valor simbólico.
d) Re. Não, não queria concluir o projecto. Por isso talvez lhe chame primeiro volume.
e) Re. Não, alguns textos de apoio serão pedidos a algumas colaboradoras.

26. Crónica

Mais um fim de semana fora!
E finalmente o esperado telefonema.
- Podes cá vir dar de comer à Rita? Deixo-te a chave no café da Rua
Direita. Diz que não tem tempo e até Segunda.

Sábado – Uma caixa de wiskas de figado. Cor estranha. A Rita é uma
gata carente, não come sem antes se roçar para trás e para diante nas
minhas pernas, sacudindo o rabo. Acaricio-a. Dou-lhe tempo. Come.

Abro a porta para o quintal, a ameixoeira nova que não ajudei a
plantar já está florida. O sol aquece, dispo o casaco.
Entro e percorro as divisões desconhecidas: a casa de banho, um
toalhão ainda húmido do ultimo banho, cheiro-o. A Gillette, resquícios
de pelos, outros mais longos no sabonete, uma meia perdida. A cama,
desfeita, duas almofadas. Galeano na cabeceira, lenços, um crachá
(vai-lhe fazer falta, penso), um lápis, o despertador marca 7:17,
que estranha hora para acordar, sorrio, gosto de capicuas, ele também.

A Gata descobre-me, mia. Pego-lhe pela barriga, chego o pelo ao nariz,
é macia. Levo-a comigo para o sol.

Domingo – chego tarde, demorei-me na Vila e perdi a camioneta. A Rita
está mais irrequieta, mia e roça-se. Wiskas de fígado outra vez, pobre
animal. Demorei muito, pois não se demora muito comigo e vai comer.
Limpo a caixa da areia.

Percorro a estante dos livros, os cd’s, descubro fotos. Fotos de
quando eram dois. Suspiro. Hoje as coisas cheiram-me mais a ele. O
toalhão continua húmido (devia te-lo posto a secar... merda, pareço
mãe dele, quero tratar dele, abraça-lo e dizer-lhe que vai correr bem,
fazê-lo acreditar...) deixo-o no mesmo sítio. Entro no quarto, não
acendo a luz. Descalço-me, tiro a camisola e os jeans e deito-me
tentando encaixar no lugar que deixou vazio.

A Rita senta-se a meus pés na cama lavando-se e ronronando. O som
embala-me. Adormeço, estremeço, os meus membros estão contraídos,
devo ter frio. Tapo-me. Não, alguma coisa quente deita-se a meu lado.
Abraça-me. O cheiro atinge-me primeiro que qualquer outra coisa. É
ele. Uma reacção violenta que injecta sangue em todos os vaso
capilares, faz-me arrepiar. Trocamos palavras banais enquanto me viro
– joelhos que se tocam ao de leve, mãos, braços. Avisa-me que pode
involuntáriamente abraçar-me enquanto dorme. Incrédula perante o som
do pensamento: Se me abraçares preferia que fosse voluntário.

Daí ao beijo foi um inspirar. Primeiro sôfregos, tentamos
desembaraçarmo-nos da roupa, da nossa e da cama. Sufocados,
permanecemos um minuto abraçados, bocas coladas, sinto a pressão do
seu sexo rijo no meu ventre. De seguida as mãos hábeis com que até
então apenas sonhava, percorreram concavidades e curvas,
entrelaçaram-se no cabelo, demoram-se nos meus seios, beberam de
dentro de mim e friccionaram até me fazer implorar para o ter. Sempre
em silêncio e com movimentos seguros, posicionou-me e lentamente
começou o baloiço, umas vezes suave outras vezes forte e profundo,
como se me quisesse atravessar. Vejo-lhe o rosto deformar-se e é como
se me abandonasse a mim mesma, deixo o corpo para trás, sei como se
repete este momento, nunca foi diferente. Apercebe-se, ri e fala-me,
quebra-se o feitiço, reajo, rodamos várias vezes, agora em harmonia,
gememos como quem conversa, num misto de compreensão e
direcionamento. Não conheço este fim, mas já não importa como acaba

Thursday, March 01, 2007


25. Crónica

Aproximaste-te de mim para me mostrares um vestido que achavas lindíssimo, transparente e muito anos 80! Colaste o vestido a mim para eu ver como me ficava segurando-o com as tuas mãos sobre os meus seios. Não sei se foi de propósito que o fizeste mas sei que foi bom sentir as tuas mãos suadas. Pedi então para me chegares outro, pois queria que me tocasses novamente. Escolheste outro vestido, super curto! Voltaste a cola-lo a ao meu corpo para poderes me imaginar com o vestido que tu gostavas que eu usasse. Desta vez foste mais ousada e ao descolares o tecido, dois dos teus dedos entraram dentro da minha camisa para rapidamente e timidamente se afastarem de mim. Não sabias o que eu pensava de ti nem se a atracção era mútua.

Fomos para os vestiários com todos aqueles vestidos para provar… Entramos as duas no mesmo compartimento. Tirei a t-shirt e com o pretexto de querer arranjar um vestido em que não fosse necessário usar soutien fiquei nua, apenas com umas pequenas cuecas brancas. Tinha o peito suado e era difícil respirar dentro daquela loja cheia de gente e com o ar condicionado a aquecer cada vez mais o espaço. Estavas imóvel a olhar para mim e para os meus gestos irrequietos agarrando num e no outro vestido e tocando com um pouco dos meus seios nos teus que se escondiam dentro de uma camisa. Vesti o tal vestido mais curto e perguntei-te o que achavas mas tu com os lábios e a face vermelhos nem respondeste. Tirei novamente o vestido e no momento em que o pouso agarraste-me em ambos os seios com as tuas mãos a ferver e disseste-me que me querias comer ali mesmo! Não disse nada, apenas sorri de uma forma envergonhada! Ficamos a olhar-nos enquanto uma das tuas mãos descia e tocava nas minhas cuecas molhadas. Tocaste continuamente no meu sexo mas sempre sobre o tecido molhado. Lambeste todo o meu corpo enquanto eu me deixei ser tua encostada à parede sem fazer nada, apenas a ser comida por ti.

Saímos dos vestiários. Comprei o tal vestido mais curto saindo da loja com ele já vestido. Sorrias imenso e não paravas de falar pois estavas excitadíssima a fazer planos para sairmos nessa noite. Sem que te deixasse acabar a frase beijei-te de surpresa. Não tiveste tempo de reagir e afastando-me apenas por um segundo voltei a faze-lo. Adoro beijos de surpresa!

24. Crónica

Queria acordar-te. Estavas de costas para mim e eu passei a mão pelas tuas costas, pelo teu peito tão familiar e como se do meu se tratasse.
Peguei numa caneta e fiz-te uma tatuagem enquanto ainda dormias. Cobri as costas com o desenho grande de uma cobra que se enrolava em si própria. Beijava o teu pescoço enquanto construía um mundo de símbolos que decoravam a cobra e assim construi uma fantasia nas tuas costas. Transformava-te num homem tatuado, marinheiro talvez.
Como não acordaste, passei a desenhar também o braço e outras partes do corpo, onde podia e sem te acordar. Demorei horas na descoberta dos detalhes ainda desconhecidos de um corpo tão familiar. Cobri-o aos poucos com tinta preta e depois com pormenores a tinta dourada.
Acordavas, levemente, de vez em quando e voltavas a adormecer.
Apeteceu-me trazer mais coisas para esta festa que fazia contigo ausente. Fui buscar um diluo cor-de-rosa. Passeio entre as tuas pernas entreabertas. Devagarinho e untado com azeite.
Finalmente acordaste, mas nada mexeu em ti. Só um gemido de vez em quando e uma expressão que parecia um sorriso.
Comi o teu pescoço e os ombros. Digo comi porque literalmente trinquei e puxei com os dentes, cada vez com mais forca, enquanto olhava as tuas novas tatuagens e continuava as carícias entre as pernas com o diluo cor-de-rosa. Penetrou-te um sexo que não era de ambos. Mas que nos dava prazer. Com as mãos tocamos o sexo do outro muito devagar. Sem palavra. Tu não eras tu mas um ser tatuado que existia para este momento. Eu não era eu. Viemo-nos nesta posição bastante estranha e assim acabamos por adormecer os dois.
Quando acordaste olhaste o teu corpo no espelho e sorriste. Achaste-te bem, decorado com desenhos, com ar Durão e machão.
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