Sunday, November 25, 2007


A publicação Wanda, a primeira da Braço de Ferro – editora de Arte e Design, está disponível agora na Matéria Prima do Porto e em breve na de Lisboa.

Para adquirir qualquer uma das séries da Wanda, aceitamos pedidos de envio para dentro e fora do país.

Para os interessados em colaborar connosco na expansão nacional e internacional da Braço de Ferro, podemos acordar uma parceria para a revenda da Wanda.

Em breve teremos notícias sobre os novos lançamentos.

Thursday, November 15, 2007


31. Crónica

Há quem seja da opinião que sexo não tem tempo e por isso, também não tem história, no sentido narrativo ou do enredo. Não há nada para contar. Ao contrário do amor que pode dar para longas horas de conversas telefónicas, para escrever livros, realizar filmes, e para aborrecer os amigos de morte. Daí a famosa distinção entre o amante e o "marido" que ouvi directamente de uma colega de trabalho: "com o amante não há conversa!". Por isso, quando o sexo se vai, numa relação que tem como base o sexo, não há nada que fique. Ou há? Parece que fica qualquer coisa na memória, talvez aquela recordação muito fraca que nos volta a excitar e a recuperar a vontade de nos estendermos na cama com aquela pessoa. Se não voltamos muitas vezes é porque a razão impera sobre a memória. Mas não há nada como o amor que nos marca, coração e alma, que nos tira a consciência, para nos perdermos numa história que vai do amor ao ódio e desprezo. Vá lá, no sexo não há ódio... Como é utilitário, "serve para" e não há sentimentos bons nem maus (sensações há e muitas!), só se for depois quando se mescla com amor. Nesta confusão de pensamentos e tentativas de estabelecer categorias, começa a minha crónica, como sei que não sou dada às ficções (até assino com o nome próprio e dou a cara pelas boas causas), resumo a minha confissão a isto: Num fim de semana, eu e o meu amante, fizemos sexo umas dez vezes, em dois ou três sítios diferentes. No Sábado saímos com os meus amigos e bebemos uma cerveja rápida a caminho de casa. Tentamos acordar cedo e passear Domingo de manhã por um jardim público. Nessa altura falamos de coisas simples, das plantas, do pólen das flores, do cocó dos cães, da semana que tínhamos pela frente. Despedimo-nos à pressa com uma foda em minha casa e depois ficamos ali a mordiscar-nos e a acariciar-nos na cama até tocar o alarme. Ficamos assim durante muito tempo até que eu quase, mas quase, lhe disse para ficar. Suspeitei que era amor e olhei para o relógio. Calculo que foi amor, mas então o amor também não tem tempo, porque ficamos ali horas ao som de sucessivos alarmes.
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