Friday, August 25, 2006

2. Crónica

O homem fantasma
Ela tinha 35 anos era casada e tinha dois filhos.
Um dia chegou à empresa onde trabalhava um novo estagiário. Era jovem e bonito, tinha um sorriso rasgado e fazia-a rir.
Ela já não estava habituada a que rapazes demorassem os olhos no seu decote. De manhã vestia-se a pensar nesse olhar.
Esperava ansiosamente a hora do café e durante 5 minutos esquecia-se da roupa para passar, dos trabalhos de casa do mais velho, da asma da mais nova, da conta da luz, do relatório de contas, dos ficheiros danificados no computador, das horas extraordinárias do marido. Durante 5 minutos o sorriso daquele rapaz fazia-a sentir-se só ela.
Passaram meses e numa manhã de Inverno ele não apareceu à hora do café, os colegas explicaram que tinha terminado o estágio. Ela estranhou a súbita dor na boca do estômago, a náusea. Nesse dia o computador encravou cinco vezes. Nos dias seguintes não teve vontade de tomar café.
Depois, tudo voltou ao normal. Os filhos, o marido, as contas, a roupa, os relatórios.

Numa manhã de sábado o marido roncava, a televisão guinchava desenhos animados, os filhos disputavam ardentemente um brinquedo qualquer.
O dia estava claro morno. Ela estava parada na entrada quando o viu. Primeiro uma imagem desfocada atrás do vidro fosco da porta do corredor. Depois o rapaz. Nu. Passou por trás dela sem a ver e foi à cozinha. Abriu o frigorífico e bebeu o leite directamente do pacote. Sacudiu os cabelos com a mão, num gesto que ela já lhe reconhecia tão bem e dirigiu-se à casa de banho. Ela ouviu o chuveiro começar a correr.
Estupefacta, olhou para a cara impávida da vizinha que encostada à ombreira continuava a discorrer sobre porque é que o vizinho do 5º esquerdo era uma grande porco. Achou que ainda devia ter muito sono.
Continuou a fazer “hum” esporadicamente à vizinha, que demorou a resolver ir embora.
Preparou o chocolate e as torradas dos miúdos, que relutantemente se dirigiram à cozinha depois dela ter ameaçado aos berros deixar de pagar a TVCabo.
Reparou que o barulho do chuveiro tinha parado. O rapaz saiu da casa de banho. Antes de ter tempo para pensar “mas o que é que ele está aqui a fazer?” reparou como era lindo com a pele húmida e o cabelo molhado.
Os filhos continuaram entretidos a soprar com as palhinhas para dentro das canecas para ver quem conseguia deitar mais leite por fora, sem levantarem os olhos para o Adónis reluzente que passava agora mesmo ao lado deles. Ele também parecia não os ver.
Foi a vez de chegar o marido, em calças de pijama e com os olhos inchados. Pediu-lhe que lhe preparasse um leite com café e umas torradas, que ainda tinha que ir de manhã ao escritório tratar de umas coisas e lembrou-lhe que o almoço tinha de ser à uma em ponto porque, como ela sabia, de tarde tinha o jogo de futebol do costume.
Também ele parecia indiferente ao rapaz que agora tomava café e fumava um cigarro, reclinado no parapeito da janela. As gotas ainda lhe desciam pelo sulco da espinha para se infiltrarem no meio das nádegas redondas, que se apertavam num desenho perfeito.
O marido arranjou-se e saiu. Os filhos foram brincar para casa dos vizinhos.
O rapaz continuava a passear nu pela casa. Estava agora na sala a passar os olhos pelo jornal do dia anterior.
Tocou-lhe no ombro, mas ele não se voltou. Beliscou-o. Nada…
Começou, então, a acariciar-lhe o sexo, sentiu-o endurecer na sua mão. Ele voltou a passar a mãos pelo cabelo, no tal gesto familiar. Pousou o jornal. A sua glande brotou do prepúcio, ele olhou para baixo e sorriu. Ela parou e ficou a olhá-lo, com o sangue a ferver nas veias, à espera que ele a olhasse nos olhos e lhe falasse a qualquer momento, mas não. Ele continuava a não ver. Continuava a sorrir para sua própria glande como quem já não a via há muito tempo. Começou a masturbar-se.
Ela olhou para todos os lados para ter a certeza que estava sozinha levantou a saia e meteu as mãos dentro das suas cuequinhas brancas.
Ajoelhou-se à frente do rapaz e ele gemeu quando ela lhe tocou, a medo, com a língua na glande. Começou a masturbar-se mais depressa enquanto ela o lambia, ofegante. Deixou-se cair no sofá, mas ela continuou, sentindo também os seus próprios líquidos quentes entre os dedos.
Ele murmurou o nome dela quando se veio. Ela sentiu o esperma escorrer-lhe pelo queixo e pelos seios.
Ele ficou no sofá uns minutos, com a cabeça deitada para trás e os olhos fechados. Ela limpou a boca com as costas da mão e ficou a olhar para ele, sentada no chão.
O rapaz levantou-se foi-se lavar e vestir. Depois saiu.
Ela ficou ainda algum tempo sentada no chão.
Depois olhou para o relógio e sobressaltou-se. O almoço à uma!

Na segunda-feira o computador voltou a encravar, o chefe voltou a dizer-lhe que ela tinha o trabalho atrasado, a estagiária nova continuou a gaguejar cada vez que se dirigia ao chefe.
Ao fim da tarde, quando saiu estava vento e o dia escurecia. Viu o rapaz parado na rua, em frente a uma montra de máquinas fotográficas.
-Olá! - disse ela, pensando que ele não a ia ver outra vez. Mas ele voltou-se e rasgou aquele sorriso – Olá! Então?
Sentaram-se para tomar café. Ela disse que ele fazia falta na empresa e ele disse que tinha gostado de lá estar. Falaram mais 5 minutos sobre qualquer coisa sem importância. Ele fê-la rir. Ela teve vontade de lhe perguntar como tinha sido a manhã de sábado dele, mas achou melhor não.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home

Free Web Site Counter
Web Site Counter