Sunday, November 12, 2006



6. Crónica

Era primavera. O tempo andava instável. Quase a sair
do inverno mas ainda sem cheiro de Verão.
Quando chegou a entrada da escola Maria percebeu que
tudo estava ainda demasia silencioso para o
habitual. Concluiu que era cedo demais para estar ali.
O segurança já andava la dentro a arrastar os sapatos.
Quando a viu do lado de fora, fez 'dez minutos' com os
dedos e com a boca sem se ouvir o tom da voz. Não
havia muito a fazer senão esperar dez minutos.
Sentou-se no chão com a cabeça segurada pelas mãos e
os cotovelos colados aos joelhos.
Dez minutos de paciência.
Ao longe, enquanto via os carros a passar e as pessoas
a levar as crianças a escola e a caminhar para o
trabalho, viu uma figura de rapaz que não lhe era de
todo estranha. Só de pensar que se iam cruzar dentro
de aproximadamente 30 segundos já estava a fazê-la
corar de terror, vergonha, inveja da namorada e
desejos passados. Viu a impossibilidade de futuros
lindos a frente.
Ele parou junto dela.
Ela sentada no chão e ele de pé.
Rapaz: Que estas a fazer aqui sentada?
Maria: Nada.
Rapaz: Se não estas a fazer nada... então esta bem, mas
podias estar. Eu vou para casa. Vim agora de uma
festa.
(e ainda esta com as pupilas de tamanho de alfinetes,
pensou a Maria)
Maria ficou com a impressão que ele disse espera aqui
que eu já volto mas podia ter sido outra coisa
qualquer porque ela estava demasiado hipnotizada pela
figura para dar atenção ao que ele dizia.

Maria tem a cabeça entre as mãos e os cotovelos nos
joelhos. Ainda estava sentada no mesmo lugar e o rapaz
estava de novo junto dela. Estava muito sorridente.
'Toma, leitinho!' diz o rapaz, 'e para beberes'.
Ela olha para ele, para o prato que lhe foi posto no
chão junto aos pés, mas não se mexeu porque não sabia
o que fazer.
Ele ficou sério. 'Não queres?'
'não me apetece' disse ela empurrando o prato devagar.
O leite estava a ficar cheio de pó trazido por um
ventinho suave mas que levantava poeira e folhas do
chão.
Ele abriu o fecho das calcas e mijou no prato de
leite. 'queres experimentar agora, pode ser que gostes
mais'
ela não tinha voz, a surpresa era grande demais para
dizer seja o que fosse. Sentia-se totalmente vazia de
tudo.
Ele pegou devagar no prato. 'Já sei, queres vir comio
não e?' e começou a caminhar e ela levantou-se e
caminho atraz dele. Por um portão entraram no jardim e
depois na porta da casa que estava aberta, foram pelo
corredor e chegaram a cozinha. Entraram na cozinha e o
prato foi colocado numa ponta da mesa rectangular de
madeira.
Rapaz: 'se eu fosse a ti lambia o leite como os
gatinhos'.
A Maria não reagiu porque não conseguiu, e porque não
percebia a que havia de reagir. Dentro dela havia uma
confusão de emoções em confronto. Finalmente e pela
primeira vez desde sepre este rapaz lindo, lindo não a
ignorava. Ela estava aqui na casa dele e estavam
juntos, só os dois e ele queria que ela bebesse aquilo
nojento. Teria bebido tudo se não fosse ter-se
congelado o corpo inteiro.
Ele devagar e delicada mente prendeu-lhe os braços
pelos pulsos atraz das costas. Amarrou-a com um pano
da cozinha. A Maria pensava na alegria de estar cada
vez mais próxima dele, do seu cheiro, da intesidade
que o toque da pele dele na sua. Lembrou-se por
instantes dos desmaios das damas nos filmes mudos e
pensou que em poucos instantes era provável que lhe
acontecesse o mesmo.
Ele dobrou-a sobre a mesa no lado oposto ao prato de
leite. Aproximou o prato da cara dela, calculando um
espaço mínimo entre ambos. Ele levanta-lhe a saia e
corta-lhe as cuecas pelo meio das pernas com uma faca
da cozinha. Passou-lhe de leve os dedos. A Maria
percebeu que ele sabia da satisfação e prazer que a
situação lhe dava.
Ouviu o som do fecho das calcas. Dentro dela, este som
precedia outros, sentiu algo quente dentro dela que
não lhe pertencia mas a completava. Os movimentos do
sexo dele dentro e fore do dela faziam a mesa mexer o
prato e  entornar a mistura nojenta em cima do cabelo
e na cara . Ela bebeu  pelo nariz e pela boca enquanto
respirava e pelos olhos. Ele só parou quando o prato
estava já vazio.
Parou e dasamarrou-a. Passou-lhe a mão pelos cabelos
molhados, pelo pescoço, como se ela fosse um gato. Ela
encostou a cabeça ao peito dele, delicadamente. O
rapaz saiu da cozinha e subiu as escadas. Ela ouviu
uma porta no andar de cima a fechar e o som de uma
chave a trancar. Ficou sozinha. Por instantes sentiu o
silencio e depois saiu fechando a porta entre o
corredor e o jardim sem barulho. A calma da porta
fechada atraz dela dava a impressão que nada tinha acontecido.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

está muito, muito bom. parabéns a quem escreveu.

7:11 AM  
Anonymous Anonymous said...

parabéns meus também!

5:25 PM  

Post a Comment

<< Home

Free Web Site Counter
Web Site Counter