Saturday, November 25, 2006


13. Crónica

Tal como prometido uma crónica a partir de uma fantasia. Já escolhi uma música para me embalar.

Estavamos no teu carro em viagem.
Adoro a cor, o cheiro e o som do teu carro. São detalhes que me animam quando me vens apanhar para me levar a sítio qualquer.

Passamos por entre uma densa cortina de árvores no meio de nenhures.

Estava a escurecer muito rápido e tudo se transformou de repente num esconderijo. Tu paraste o carro e com teu sorriso convidaste-me a ficar ali contigo. Aceitaria com muito gosto se me surpreendesse o teu convite e se fosse uma improvisação de última hora. No entanto não foi, estava tudo planeado e eu nem sempre gosto da vulgaridade dos factos.

Consegui convencer-te a ver a sombra das folhas e a iluminação artificial das ruas. Empatei algum tempo para recuperar a vontade de te tocar. Ajudou o cheiro a humidade do carro e a tua frustração. Ficaste gradualmente chateado.

Saimos dali e levaste-me a um sítio com luz e cheio de gente. Chegamos ao nosso destino, ao centro da cidade. A tua zanga irritou-me, foi primária. Como o silêncio se prolongou comecei a ansiar por um gesto teu, um avanço, que terminasse com aquele mal estar.

Com o desespero comecei a imaginar que me tocavas e cheguei mesmo a sentir o teu toque. Voltei a olhar para ti e estavas sério. Nada tinha acontecido.

Desisti e quis ir embora. Não tinhamos nada a falar e eu fingi arranjar assunto. Afinal que faziamos ali juntos, com que objectivo nos encontravamos tantas vezes?

Dirigi-me a um quiosque, e tu seguiste-me. Precisei de encontrar qualquer coisa para me distrair, uma referência. Li rapidamente os titulos dos jornais e o velho do quiosque interpelou-me. Aproximei-me dele e respondi-lhe com gentileza: “estou só a ver as revistas!”

Tu aproximaste-te comigo do balcão e subitamente levantaste-me o casaco e enfiaste-me a mão toda por dentro das calças. Corriamos o risco de ser apanhados e isso fez-me sentir bem.

A partir desse momento mantive-me numa posição propícia a que podesses usar-me de novo. Quando finalmente me voltei para trás cruzamos olhares e hipinotizamo-nos um ao outro.
“Quero mais!”, pensei, sem te dizer.

Cá fora estava a chover tanto que me deu vontade de correr. “A tua casa é perto, não é?”
A chuva ajudou a não pensar muito e a não desistir. Quando as gotas cairam com força, dos nossos corpos quentes sairam vapores.

Entramos numa porta envelhecida pelo tempo e seguimos por um corredor completamente escuro e cujas paredes eram húmidas e desagradáveis. “Não penses mais, não penses em nada”, repiti para mim mesma. Sigo com os olhos postos nos teus olhos e sem saber mais daquele espaço ou das condições deixei-me encostar às paredes.

Arrastaste-me por todo o lado e a humidade infiltrou-se na minha camisola. O frio fez-me desejar um corpo quente. “Dás-me o teu corpo?”

Conduziste-me até um quarto. Apercebi-me que nem o quarto, nem a casa te pertenciam. A casa era antiga e o quarto era de uma mulher. A cama tinha uma cobertura de cetim cor-de-rosa e motivos florais. O resto da decoração era irrelevante. O espaço tinha apenas uma grande janela por onde entrava a luz de um poste de iluminação do exterior. Esta luz permitia-nos ver apenas os nossos contornos.


Deitaste-me na cama. Vieste por cima de mim e comeste os meus seios com a boca. Eu ainda tinha a camisola vestida e senti o tecido a humedecer. Nunca tinha sentido nada assim e por isso mantive-me vestida a gozar cada pequeno toque, beliscão e torção. Sentia arrepios por todo o lado.

Toquei-te ao de leve nas costas e depois direccionei a minha mão às tuas calças para saber em que ponto estavamos. Decidi brincar mais um pouco antes de nos precipitar-nos. Tirei a camisola e deixei-me ficar com as calças de ganga e o tronco nu. Pedi que fizesses o mesmo.
Ficamos os dois a sorrir e a olhar-nos mutuamente.

“Tiras-me uma foto?”
Beijaste-me o corpo que estava descoberto e tiraste-me as calças. Comecei a tremer e tu apertaste o teu peito contra o meu. Depois beijamo-nos como só nós sabemos e tiramos o resto da roupa (sobrava pouca).

“Arranjas-me um lençol?”
Cobri-nos aos dois com qualquer tecido que estava à mão, depois virei-me com a barriga colada ao colchão e deixei-me encurralar com o teu peso. Vieste por cima de mim. Foi agradável mas não experimentei nenhum prazer. Inicialmente pouco me importei com isso.

Pensei em não te dar nenhum sinal de insatisfação porque estavas cansado e apenas fiquei ali a acariciar-te. Movida por uma vontade medonha de sentir prazer ao teu lado encostei as minhas pernas às tuas e dobrei-me para o lado contrário ao teu. Orientei uma das minhas mãos para a frente e a outra foi por trás. Movi-me entre a minha vagina e o meu clitóris e dei continuidade ao que tinhamos deixado a meio.

Quando terminei olhei para ti. Observavas-me. Estavas feliz por me ver com as faces rubras e com ar de tonta. Lembrei-me que gostaria de te ver a masturbar. Para completar a minha satisfação faltava esse momento.

“Fazes isso por mim?”
Fizeste da maneira mais bonita que eu já vi. O teu corpo contorcia-se e eu vi-te em espasmos graduais. Parecia que te ias incendiar! Quando tudo parecia terminar, senti raiva, um género de inveja por estares à frente, por teres conseguido tão bem ter prazer.

Fui até à janela e vi que a chuva tinha parado, no entanto estavamos no meio de uma tempestade e viam-se ao longe relâmpagos entre as montanhas. Inclinei-me sobre o peitoril da janela a olhar lá para fora. Era a mesma cidade que eu conhecia, mas estava a vê-la a partir de outro ângulo. Não tinha qualquer consciência do sítio onde estava.

Os relâmpagos tornaram-se mais intensos e agora ouviam-se trovões. Aproximaste-te e colocaste-te atrás de mim. A minha cabeça estava pressionada contra o vidro da janela e à minha volta cresceu uma mancha de vapor produzida pela minha respiração acelerada. Agarraste-te à minha cintura e penetraste-me por trás. Os meus pés cruzaram os teus de modo a formarmos uma unidade.

Gradualmente fui ficando paralizada e o prazer foi intenso. Nunca nada tinha sido assim tão forte. A imagem que ficou foi a da mancha na janela carimbada pelo meu cabelo e pelas nossas mãos.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

muito bom, a melhor de sempre.

7:44 AM  

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