Thursday, December 21, 2006


17. Crónica

Conhecemo-nos há alguns anos numa festa de amigos; era uma casa
grande, um palacete cheio de quarto e divisórias. Como em todos os
casamentos, entediante até ao terceiro copo.
Não me lembro de o ver chegar, mas por volta do quarto whisky já
estávamos juntos a rir. Ele tinha umas mãos discretas que subiam
pelos braços até uns ombros que se adivinhavam largos de estrutura,
não de esforço. Era óbvio na forma como se tentava aproximar, mas
encantador na sua fria sinceridade. Tinha a vantagem de não ser
tímido e não gostar de jogos – e eu já andava farta de homens armados
ao criativo do piropo, sedutores superiores de póquer ganho, ou ainda
armados em indiferentes distantes. Nada disso. Eu gosto de jogar sem
jogo, e de igual para igual – o que vai sendo difícil nestes dias.
Assim que com risos e sem procurar grandes disfarces, fácilmente nos
encaminhámos de forma intelectual para a biblioteca. Antes mesmo de
passarmos a ombreira da porta eu já tinha a saia no queixo e o peito
a saltar-me ofegante pelo decote, enquanto que a sua outra mão quente
me deslizava pelas costas abaixo e me moldava de prazer. Ele era, sem
dúvida alguma, o homem que mais me tinha excitado nos últimos meses.
Tinha um cheiro natural intenso, envolvente e único, e uns dedos que
me tocavam de forma suave e firmemente comprometidos. Rebolámos até
ao sofá, perto do qual estava um grande número de prendas de
casamento. Havia um cesto de comida fina, roubámos um frasco de mel,
com o qual ele fez desenhos no meu baixo ventre e no meu sexo, antes
de mo lamber intercalado de goladas de whisky. Eu vinguei-me no
caviar, cobrindo-lhe os mamilos e pintando-lhe o sexo de forma
lasciva e gulosa.
Parámos apenas quando descobrimos um embrulho cor-de-rosa, de laço de
seda e forro em suave cetim. Entre risadas, disse-lhe que nunca tinha
experimentado um vibrador. Ele sorriu como um gato, e dispôs-se a
mostrar-me como era/sou.
Começou então a lamber-me muito devagarinho as nádegas, descendo para
o meu sexo. A mão, com o vibrador já ligado, ia-lhe seguindo a rota
do beijo. Calhou parar num sinal, que tenho na parte da frente da
coxa, beijá-lo demoradamente e seguir com o vibrador para o meu monte
de vénus. Acariciou-me os lábios e encostou o vibrador ao meu
clitóris. Era tão bom! Mas sempre que pela minha respiração me notava
ofegante, parava, continuando apenas com a tortura dos beijos nas
pernas e no baixo ventre. Depois, recomeçava.
Quando me sentiu bem molhada, inseriu um dedo suave na minha vagina,
num ritmo lento, para depois o tirar; aquela mão trabalhando sempre
em conjunto com o vibrador deixavam-me a enloquecer, como que a
arder, queria implorar-lhe que terminasse com aquilo, mas por mais
algum tempo ele continuou, deliciado no meu prazer suspenso, deixando-
me a olhar para as dobras do tapete com vontade de me esfregar nelas
até me vir. Chegou a um ponto em que no limite do precipício recusado
me senti esmorecer, e arrefecer. Ele decerto sentiu isso, mas fez
como se de nada se tratasse, pôs o vibrador de lado e começou a
lamber-me os lábios já muito inchados, voltando a regá-los com mel. E
assim continuou, por um bocado; eu sentia-me torpa e a pensar que já
não sentia nada, quando, de súbito, sinto de novo algo no meu
clitóris a vibrar, como se me acordasse, fazendo com que em meros
segundos um crescendo rebentasse dentro de mim e que explodiu num
orgasmo gigante e absoluto.
Fiquei ainda algum tempo a arfar, tentando recuperar o ar e o
equilíbrio. Ele exibia um sorriso doce de mel, enquanto me murmurava
que tirava grande prazer em dar prazer.

Não conheço bem o noivo da minha amiga, mas espero que seja tão
generoso com ela como este delicioso amante que descobri no seu
casamento.

Tuesday, December 19, 2006


16. Crónica

Não está ninguém em casa quando chego. Nem era suposto eu estar, mas os planos de passar o fim de semana no norte foram cancelados á ultima da hora e agora encontro-me sem planos numa 6a à noite. Parece que vai ser a saida do costume para o sitio do costume com os amigos do costume. Conversa descontraída, piadas e cusquice, enfím, confortável e divertido.
Mando uma mensagem ao meu namorado a avisar que afinal estou cá. Tem o telemóvel desligado.

O frio da rua de qual venho faz-me vontade de sentir a barriga cheia e quente, apetece-me comer alguma coisa com molhos. Estou gulosa. Preparo comida picante. Bebo cerveja fria de garrafa para o acompanhar.
Estou sozinha mas não me sinto encomodada com isso. Ja meti música e estou confortável na minha sala. Enquanto a cerveja lentamente começa a dar-me moleza no corpo e o picante ainda pica nos labios sinto vontade de me masturbar. Mas tenho preguiça e decido que será melhor sair com a tusa. Danço melhor assim.
Vejo o telemóvel, ninguém disse nada. Não sei qual é o plano da noite dos meus amigos mas não me quero meter num cafe.
Sinto o impulso de sair sozinha, sem avisar nem combinar nada com ninguem. Parto para o lado oposto da cidade, onde nunca costumo ir, há lá discotecas e bares que não conheço. Pelo caminho, compro outra cerveja e vou bebendo enquanto ando.
Não paro para pensar em cruzamentos para decidir para onde virar, ando á deriva mas de uma forma determinada. Sinto uma ligeira euforia, em parte por me ter surpreendido a mim mesma, saíndo sozinha. Apetece-me ouvir musica alto demais para conversar e ver pessoas bonitas que não conheço. Depois de uma série de ruas e cruzamentos dou caras com uma porta iluminada, de fora ouvem-se os graves e a batida.

Entro. Está quente. O ar está abafado e aveludado do fumo. Conheço a musica e comeco a cantá-la enquanto arumo o casaco e começo a dançar. Sinto cumplicidade com todas aquelas pessoas que não conheço, pelo ritmo que nos move e as letras que cantamos uns para os outros. É possivel olhar à volta e cruzar olhares com tanta gente a dizer as mesmas palavras que eu.

Outra cerveja.
Sempre perferi beber cerveja da garrafa, é ao mesmo tempo sensual e meio rude. Gosto especialmente como faço agora: enquanto dou um gole, beijando a boca da garrafa, troco olhares com um rapaz atraente. Fica sugerido um desejo mais intimo. Ou talvez nao, nem eu sei se o faço a sério.
Sorrimos descretamente, ele mantêm o meu olhar.
Gosto desse tipo de ambiguidade.Trocas de olhares sugestivos são muito mais deliciosos para mim do que trocas de palavras.
Até porque raramente as palavras acertam.

Estou a dançar com uma rapariga magra. Tem cabelo curto e descolorado e as costas á mostra, que dão para ver que tem várias tatuagens. Não mexe só as ancas enquanto dança mas o corpo todo. Frequentemente fecha os olhos e deita a cabeca para atrás ligeiramente como se assim sentisse melhor a musica.
Estamos concentradas nas batidas e nos movimentos dos nosso corpos.
Ela é bonita e gostaria de beijá-la. Enquanto penso nisto, sinto alguem a encostar-se a mim. Olho lentamente e vejo o rapaz da troca de olhares, sorrio. Apertada confortávelmente entre os corpos dos dois só desejo uma maior aproximação. Enquanto sinto os labios dele a tocar no meu pescoço puxo a rapariga à minha frente para mim e beijo-a. Ela mete as mãos a volta da minha cintura encontrando os do rapaz e passa a língua nos meus lábios como um gato. O cabelo dela é um pouco áspero, faz me cocígas na cara quando ela beija o rapaz por cima do meu ombro. Fecho os olhos. Sinto as mãos deles sobre mim e as minhas sobre os corpos deles, somos só ancas e cinturas em sintonia. Concentro-me apenas no contraste e sobreposição de texturas e sabores.
Metemos-nos na casa de banho.
Temos todos as mãos nas calças uns dos outros quando comeco a ter a impressão que eles já se conhecem.
Ele está atrás de mim e ela à frente a sussurrar no ouvido dele. Apercebo-me que lhe está a dizer o que ele deverá fazer a mim, isto enquanto eu tenho uma mão por dentro da t-shirt dela esfregando um mamilo e outra por dentro das calças apertando-lhe a nádega e puxando-a para mim.
Sinto a respiração quente dele no meu pescoço e o seu pénis erecto encostado a mim. Viro-me para beijá-lo e ele encosta-me a parede, a rapariga mete-se entre nos os dois e abaixa-se, sinto o cabelo dela no meu ventre enquanto a vejo a pegar no penis dele e colocá-lo na boca. Ele tem a mão nas minhas calças e os dedos a volta do meu clitóris, puxo a minha t-shirt para cima enquanto as nossas línguas se enrolam. Ele tem um sabor metálico. Sinto a parede fria nas costas. Ele morde-me os mamilos. Oiço a minha voz a fazer echo nas paredes mas parece ser de outra pessoa.
Venho-me a fixar o olhar satisfeito do rapaz. Repiro fundo fechando os olhos para saborear os arrepios que sinto no corpo e oiço-o a vir logo de seguida.
Quando abro os olhos a rapariga já se levantou e eles estão abraçados.
Enquanto estamos encostados uns aos outros contra a parede sinto o telemóvel a vibrar, é uma mensagem do meu namorado. Pergunta onde estou, pede para ir ter com ele a casa de outro amigo para irmos todos sair.
Vou lavar a cara e meto-me num taxi. Em tempo nenhum estou a porta de um apartamento familiar. Ele abre a porta e olha para mim percebendo que algo se passa de diferente mas sem saber exatactamente o quê. Estou corada e não paro de sorrir.
Agarra-me e beija-me longamente. É confortável sentir a familiaridade da língua dele na minha boca enquanto sinto as cuecas ainda molhadas e a pressão no meu clitóris da exploração de outras mãos.

-estás apetitosa... vamos para casa ou ainda queres ir sair? podemos fugir agora sem avisá-los.-pergunta-me baixinho deitando os olhos para o corredor atras dele por onde oiço o som de pessoas a rir.
-vamos sair. Digo-lhe ao ouvido -hoje quero dancar.

Wednesday, December 13, 2006


15. Crónica

There was a time where I was sharing a house with
three men. Physically delicious but untouchable.
Things were boring then. I though about ways of making
this communal life more interesting and came up with
the idea of having a house maid. One hour per week.
They all said yes (because no one liked to clean
toilets)
I proposed to put an advert on the local newspaper.
A few ladies answered the advert, came to our house,
had tea with me and chatted about cleaning. None of
them I felt was appropriated for the job. With the
exception of a blond girl, gorgeous, long legs. She
was the type that wears short skirts, tight trousers
and likes to show what she had with a nice prominent
cleavage. The way she moved her lips was hypnotizing
and very sexy, the way she walked was fantastic.
She was sexy.
I asked her to come back when everyone was at home. I
wanted to know if they feel sexual desire for her.
When she entered the room (I hadn't told she would be
our maid) we were all having dinner. The guys couldn't
concentrate on what they were eating and stayed after
the meal was finished chatting away.
They really fancied her. And I could tell it so
clearly.
She left and I told them that she would come to work
on our house for one hour every Thursday from five
until six in the afternoon.
They got sad because unfortunately that is the time
they leave work and still would take about half hour
to arrive at home. Almost could make it to see her
every Thursday, but very seldom.
The girl's wages was way above any house maid's
salary. That was my idea, which I never shared with
anyone, to pay her a lot of money – she would feel
important, they would have to make a big effort to
have her.
Since the first week that Thursdays became very
interesting. She would leave at six o'clock sharp and
a few minutes later the guys would arrive, one and
soon after the other. Somehow they managed to arrive
earlier and even made it home before six a few times,
just. Enough to keep the desire alive.
To keep things interesting I would pass gossip from
one side to the other. Which one she liked better
(which would change as often as the weather), which
one was the sexiest.
To me this was between sharing an object of desire
(although a different desire, being me a woman and
them men) and observing desire as a voyeur.
I spent exiting moments in this observation and
experience on desire of the untouchable. Being all
physically untouchable (for choice or for whatever
other reason).
One day everything ended. On a Sunday rainy day, she
decided to knock on the door, see if someone was in
and get protection from the unstoppable rain and have
a chat. The boyfriend came in with her and they talked
about life. Next week we all agreed that we couldn't
afford the luxury of having a maid. With it my sensual
awareness of their beautiful presence as males faded.
They became the nice guys I share the house with.

Tuesday, December 12, 2006


14. Crónica

Tinha escrito uma outra crónica, mas decidi não a enviar porque toda a gente adivinharia facilmente quem sou; pelo que decidi contar uma outra pequena estória, a qual permite que eu seja identificada por apenas duas pessoas.

Reconheci-o de noite e eu estava diferente por quente. Bebemos vinho sem falar e com a cumplicidade que não existe entre nós começou a tocar-me entre o pé e o tornozelo. Primeiro pensei que tivesse sido um toque ocasional, mas aquele pé continuou a sua tortura rasteira, insistente. Os pés têm uma estranha forma de comunicar que escapa à desonestidade do resto do corpo. Os pés dizem o que querem como sentem e lhes apetece, um toque sensual prolongado e premeditado e tão óbvio que se tornava quase inocente. Um pé que continuou o seu traço até ao meu arrepio na espinha. É impossível ser indiferente a um pé, pelo que lhe respondi ao mesmo nível, com menos.
Havia montes de pedras da calçada de olhos postos em nós enquanto gente à nossa volta nos ignorava. Ou pelo menos assim pensei, se não olhar para eles, não me podem ver. E não viram.
Esgueirámo-nos entre as riscas de uma porta para o carro e seguimos para um campo ao pé da praia. Estávamos cansados de sexo, não nos apetecia. Não aquele sexo de sempre, o exorbitante do costume. Não que não seja bom, mas queríamos diferente. Não nos apetecia ver estrelas, a areia da praia estava fria, já tive muitos orgasmos a pensar em ti e tu certamente também, por isso encolhemos os braços e continuámos a beber.

Mesmo assim, despimos-nos sem mentira. Apetecia-nos contemplar. Ele não era nem bonito nem feio, mas alguma incaracterística o tornava bonito. E não era da brisa das dunas, era uma beleza que já tinha visto e ficado por decidida. Contrariando o que tinha pensado antes, até gostava dele. Pensava nisso enquanto estávamos os dois nús de noite a fumar um cigarro e a olhar o mar. Não havia mais nada a fazer, o que não era aborrecido, umas luzes ao longe de barcos e o Cesariny que acabou por morrer e um monte de roupa à nossa esquerda. Uns pés a chapinharem na água sem nenhuma pressa e pele de galinha no peito. Apeteceu-me um toque, e toquei-me. Suponho que no início ele não deu conta e eu talvez não tivesse feito com intenção, mas quando ia tirar a mão ele pediu-me para continuar. Continuava a não me apetecer sexo, mas gostava de sentir a minha mão e os olhos dele deliciados no meu movimento lento. Brincava na parte de dentro das coxas, onde a pele é mais macia, e um pouco mais dentro, muito devagar e sem objectivo e quase como se não estivesse ali. Inclinei- me um pouco para ti, no nosso segundo beijo da noite, quente de desejo mas com poucas expectativas. Era reconfortante estar com um corpo nú novo sem ter a sensação de nos apetecer ter sexo e orgasmos; logo se via.
Deliniei as minhas próprias linhas a pensar em ti. Segui os meus contornos como quando sozinha, agora com os teus olhos a seguirem a minha mão e a tua boca eventualmente na minha, ou na curva do meu ombro ou escapando-se até ao colar. Saltei da minha cintura para o teu peito, os meus dedos húmidos passaram-te pelos mamilos, pelo interior dos braços que tanto gosto, descendo como um gato pelas tuas costelas e fazendo remoinhos na maciez dos pêlos do teu baixo ventre. As tuas coxas também eram macias, mais tensas que as minhas, mais abandonado ao meu toque que te sentiu erecto e te beijou no baixo ventre, enquanto encaixámos cabeças e na comichão do cabelo da cara resolvemos adormecer por mais nada. Continuei a tocar-te muito levemente e sem compromisso, aquele toque novo de quando se sente uma pessoa pela primeira vez, a firmeza da pele que é diferente, e quem sente são os dedos que têm outra leveza textura velocidade e percurso, enquanto sentia a tua pele abandonada a excessos excitados e adormecíamos para sonhos carnais concretizados talvez na semana seguinte.
Foi o melhor sexo que não tive.
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