Tuesday, December 19, 2006


16. Crónica

Não está ninguém em casa quando chego. Nem era suposto eu estar, mas os planos de passar o fim de semana no norte foram cancelados á ultima da hora e agora encontro-me sem planos numa 6a à noite. Parece que vai ser a saida do costume para o sitio do costume com os amigos do costume. Conversa descontraída, piadas e cusquice, enfím, confortável e divertido.
Mando uma mensagem ao meu namorado a avisar que afinal estou cá. Tem o telemóvel desligado.

O frio da rua de qual venho faz-me vontade de sentir a barriga cheia e quente, apetece-me comer alguma coisa com molhos. Estou gulosa. Preparo comida picante. Bebo cerveja fria de garrafa para o acompanhar.
Estou sozinha mas não me sinto encomodada com isso. Ja meti música e estou confortável na minha sala. Enquanto a cerveja lentamente começa a dar-me moleza no corpo e o picante ainda pica nos labios sinto vontade de me masturbar. Mas tenho preguiça e decido que será melhor sair com a tusa. Danço melhor assim.
Vejo o telemóvel, ninguém disse nada. Não sei qual é o plano da noite dos meus amigos mas não me quero meter num cafe.
Sinto o impulso de sair sozinha, sem avisar nem combinar nada com ninguem. Parto para o lado oposto da cidade, onde nunca costumo ir, há lá discotecas e bares que não conheço. Pelo caminho, compro outra cerveja e vou bebendo enquanto ando.
Não paro para pensar em cruzamentos para decidir para onde virar, ando á deriva mas de uma forma determinada. Sinto uma ligeira euforia, em parte por me ter surpreendido a mim mesma, saíndo sozinha. Apetece-me ouvir musica alto demais para conversar e ver pessoas bonitas que não conheço. Depois de uma série de ruas e cruzamentos dou caras com uma porta iluminada, de fora ouvem-se os graves e a batida.

Entro. Está quente. O ar está abafado e aveludado do fumo. Conheço a musica e comeco a cantá-la enquanto arumo o casaco e começo a dançar. Sinto cumplicidade com todas aquelas pessoas que não conheço, pelo ritmo que nos move e as letras que cantamos uns para os outros. É possivel olhar à volta e cruzar olhares com tanta gente a dizer as mesmas palavras que eu.

Outra cerveja.
Sempre perferi beber cerveja da garrafa, é ao mesmo tempo sensual e meio rude. Gosto especialmente como faço agora: enquanto dou um gole, beijando a boca da garrafa, troco olhares com um rapaz atraente. Fica sugerido um desejo mais intimo. Ou talvez nao, nem eu sei se o faço a sério.
Sorrimos descretamente, ele mantêm o meu olhar.
Gosto desse tipo de ambiguidade.Trocas de olhares sugestivos são muito mais deliciosos para mim do que trocas de palavras.
Até porque raramente as palavras acertam.

Estou a dançar com uma rapariga magra. Tem cabelo curto e descolorado e as costas á mostra, que dão para ver que tem várias tatuagens. Não mexe só as ancas enquanto dança mas o corpo todo. Frequentemente fecha os olhos e deita a cabeca para atrás ligeiramente como se assim sentisse melhor a musica.
Estamos concentradas nas batidas e nos movimentos dos nosso corpos.
Ela é bonita e gostaria de beijá-la. Enquanto penso nisto, sinto alguem a encostar-se a mim. Olho lentamente e vejo o rapaz da troca de olhares, sorrio. Apertada confortávelmente entre os corpos dos dois só desejo uma maior aproximação. Enquanto sinto os labios dele a tocar no meu pescoço puxo a rapariga à minha frente para mim e beijo-a. Ela mete as mãos a volta da minha cintura encontrando os do rapaz e passa a língua nos meus lábios como um gato. O cabelo dela é um pouco áspero, faz me cocígas na cara quando ela beija o rapaz por cima do meu ombro. Fecho os olhos. Sinto as mãos deles sobre mim e as minhas sobre os corpos deles, somos só ancas e cinturas em sintonia. Concentro-me apenas no contraste e sobreposição de texturas e sabores.
Metemos-nos na casa de banho.
Temos todos as mãos nas calças uns dos outros quando comeco a ter a impressão que eles já se conhecem.
Ele está atrás de mim e ela à frente a sussurrar no ouvido dele. Apercebo-me que lhe está a dizer o que ele deverá fazer a mim, isto enquanto eu tenho uma mão por dentro da t-shirt dela esfregando um mamilo e outra por dentro das calças apertando-lhe a nádega e puxando-a para mim.
Sinto a respiração quente dele no meu pescoço e o seu pénis erecto encostado a mim. Viro-me para beijá-lo e ele encosta-me a parede, a rapariga mete-se entre nos os dois e abaixa-se, sinto o cabelo dela no meu ventre enquanto a vejo a pegar no penis dele e colocá-lo na boca. Ele tem a mão nas minhas calças e os dedos a volta do meu clitóris, puxo a minha t-shirt para cima enquanto as nossas línguas se enrolam. Ele tem um sabor metálico. Sinto a parede fria nas costas. Ele morde-me os mamilos. Oiço a minha voz a fazer echo nas paredes mas parece ser de outra pessoa.
Venho-me a fixar o olhar satisfeito do rapaz. Repiro fundo fechando os olhos para saborear os arrepios que sinto no corpo e oiço-o a vir logo de seguida.
Quando abro os olhos a rapariga já se levantou e eles estão abraçados.
Enquanto estamos encostados uns aos outros contra a parede sinto o telemóvel a vibrar, é uma mensagem do meu namorado. Pergunta onde estou, pede para ir ter com ele a casa de outro amigo para irmos todos sair.
Vou lavar a cara e meto-me num taxi. Em tempo nenhum estou a porta de um apartamento familiar. Ele abre a porta e olha para mim percebendo que algo se passa de diferente mas sem saber exatactamente o quê. Estou corada e não paro de sorrir.
Agarra-me e beija-me longamente. É confortável sentir a familiaridade da língua dele na minha boca enquanto sinto as cuecas ainda molhadas e a pressão no meu clitóris da exploração de outras mãos.

-estás apetitosa... vamos para casa ou ainda queres ir sair? podemos fugir agora sem avisá-los.-pergunta-me baixinho deitando os olhos para o corredor atras dele por onde oiço o som de pessoas a rir.
-vamos sair. Digo-lhe ao ouvido -hoje quero dancar.

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